
A espaçonave Hera da ESA embarcou em uma missão inovadora ao sistema de asteroides binários Didymos, com o objetivo de aprimorar as técnicas de defesa planetária.
Esta missão segue a bem-sucedida DART da NASA, que alterou a órbita de Dimorphos, e visa aprimorar o método de impacto cinético para desvio de asteroides, transformando impactos de uma ameaça grave em um evento evitável.
Lançamento da Espaçonave Hera da ESA
A espaçonave Hera da ESA, primeira missão de defesa planetária da Agência Espacial Europeia, foi lançada em 7 de outubro de 2023 em direção a um asteroide único cuja órbita foi alterada por intervenção humana. Sua missão é desvendar os mistérios desse desvio e aprimorar o método de "impacto cinético" para proteger a Terra, transformando a ameaça de impactos em desastres naturais evitáveis. Lançada em um Falcon 9 da SpaceX, Hera implantou seus painéis solares uma hora após o lançamento.

Um Olhar Mais Próximo sobre Asteroides Binários
A espaçonave Hera, do tamanho de um automóvel, realizará o primeiro levantamento detalhado do asteroide binário 65803 Didymos, que possui um corpo menor, Dimorphos. Hera focará no Dimorphos, cuja órbita foi alterada pela missão DART da NASA, que demonstrou o desvio de asteroides por impacto cinético em 2022. O Diretor Geral da ESA, Josef Aschbacher, destacou que Hera representa um avanço significativo nos esforços da Europa em defesa planetária.

Inovações Tecnológicas no Espaço
Hera realizará experimentos tecnológicos em espaço profundo, incluindo a implantação de dois CubeSats do tamanho de uma caixa de sapato para voar perto do asteroide-alvo e coletar dados adicionais. A espaçonave principal tentará navegação autônoma baseada em rastreamento visual. O lançamento e a jornada estão sendo supervisionados pelo Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA, em Darmstadt, Alemanha.
Ian Carnelli, gerente da missão, destacou que a missão foi desenvolvida em apenas quatro anos, graças ao esforço da equipe da ESA, da indústria europeia e da JAXA. A ideia de uma missão de defesa planetária, que envolve uma espaçonave impactando um asteroide e outra coletando dados, remonta a duas décadas, com contribuições do falecido Prof. Andrea Milani. A ESA, em colaboração com a NASA e outras agências, monitora asteroides perigosos e questiona o que poderia ser feito se um corpo em direção à Terra fosse detectado.
Observações a partir do Solo
A missão DART da NASA foi desenvolvida para responder à questão sobre como desviar asteroides. Em 26 de setembro de 2022, a espaçonave DART colidiu intencionalmente com Dimorphos, um satélite do asteroide Didymos, alterando sua órbita. Observações da Terra mostraram que a missão reduziu o período orbital de Dimorphos em 33 minutos, quase 5% do seu valor original, enquanto gerava uma pluma de detritos no espaço.
Examinando os Resultados do Impacto
Ainda há muitas incógnitas sobre o impacto da DART que os cientistas precisam resolver para aperfeiçoar o método de desvio de asteroides por impacto cinético. Perguntas incluem o tamanho da cratera deixada pelo impacto e se o asteroide sofreu reconfiguração, além da mineralogia, estrutura e massa exata de Dimorphos.
A espaçonave Hera, com um corpo principal em forma de cubo de aproximadamente 1,6 m e duas asas solares de 5 m, é a contribuição da ESA para a colaboração internacional de defesa planetária. Ao chegar ao asteroide binário Didymos em dois anos, a missão realizará uma investigação detalhada para reunir o conhecimento que falta sobre o impacto.

Perspectivas Futuras em Defesa Planetária
“A capacidade de Hera de estudar de perto seu alvo asteroidal será exatamente o que é necessário para a defesa planetária operacional,” explica Richard Moissl, chefe do Escritório de Defesa Planetária da ESA. “Você pode imaginar um cenário onde uma missão de reconhecimento é enviada rapidamente para avaliar se alguma ação de desvio adicional é necessária. Em breve, devemos praticar isso novamente com nossa espaçonave Ramses, uma missão de defesa planetária proposta para encontrar o asteroide Apophis durante sua aproximação próxima à Terra em 2029.”
Cerca de 100 empresas e instituições europeias de 18 Estados Membros da ESA participaram do desenvolvimento da missão Hera, liderada pela OHB System AG, que cuidou do design, desenvolvimento, montagem e testes da espaçonave. Hera realizará a exploração mais detalhada de um sistema de asteroides binários, sendo que Dimorphos é o menor corpo já visitado por uma missão espacial e Didymos gira rapidamente, quase atingindo os limites de estabilidade estrutural.
Exploração Subterrânea Inovadora de Asteroides
O CubeSat Milani, desenvolvido pela Tyvak International para a ESA, irá analisar a composição mineral de Dimorphos e da poeira ao redor. Já o CubeSat Juventas, produzido por um consórcio de Luxemburgo sob a GOMspace, realizará a primeira sondagem de radar subterrânea de um asteroide. Além disso, ao final de seu levantamento de seis meses, Hera testará um modo de navegação autônoma para se mover ao redor dos asteroides com base nas características da superfície.
O cientista da missão Hera da ESA, Michael Kueppers, comenta: “Ao final da missão de Hera, o par Didymos deve se tornar os asteroides mais estudados da história, ajudando a proteger a Terra da ameaça de asteroides que se aproximam.”
O Investigador Principal da Hera, Patrick Michel, Diretor de Pesquisa do CNRS / Observatório da Côte d’Azur, acrescenta: “O impacto da DART foi como o primeiro episódio de uma aventura cósmica – um flash espetacular visto através do espaço que deixou os cientistas com a pergunta: o que aconteceu em seguida?”
“Agora, Hera está a caminho do próximo episódio, transformando os breves vislumbres dos asteroides Didymos que a missão DART nos enviou em um levantamento detalhado, prometendo novas percepções sobre o processo de colisão planetária – que tem sido um dos principais mecanismos para a formação do Sistema Solar como o conhecemos.”
O lançamento da missão Hera da ESA para defesa planetária é apenas o começo... Seu lançamento será seguido por um cruzeiro de dois anos em direção ao sistema de asteroides binários Didymos. Em seguida, haverá uma sequência de manobras em espaço profundo, incluindo um sobrevoo de Marte para adquirir velocidade extra que ajudará no encontro com Didymos. Crédito: ESA – Agência Espacial Europeia.
A Jornada Continua
O lançamento de Hera iniciou sua trajetória direta para fora da Terra, dando início a um cruzeiro de dois anos. Em março de 2025, a espaçonave realizará um sobrevoo de Marte para ganhar velocidade antes de se encontrar com Didymos. Durante essa assistência gravitacional, Hera também fará um levantamento da lua Deimos, utilizando seus instrumentos pela primeira vez. A chegada a Didymos está prevista para o outono de 2026, quando começará a fase principal de demonstração científica e tecnológica.
Sobre o Programa de Segurança Espacial da ESA
O programa de Segurança Espacial da ESA visa proteger a Europa e suas economias de interrupções causadas por detritos espaciais, fenômenos climáticos espaciais e asteroides perigosos, além de promover novas oportunidades comerciais no setor espacial europeu.
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